Há 9 anos sou casada e acabo de completar 41 anos.
O sonho de ser mãe sempre me acompanhou. Acho que já nascemos
com esse instinto materno. Há sempre aquela vontade de dar continuidade à nossa
história, sonho de ter uma família completa, que sempre entendemos como pai,
mãe e filho.
Tanto eu quanto meu marido já fomos casados anteriormente. Eu
não tive filhos e ele teve duas filhas. E após o nascimento delas fez
vasectomia. Portanto, tínhamos um problema.
Sempre disse a ele que não abriria mão da vontade de ter um
filho, ou pelo menos de tentarmos. Ele disse que estaria disposto a isso, e
assim nos casamos.
Vida que segue e acabamos adiando a tentativa, primeiro por
questões financeiras, depois acabamos nos separando por um tempo, e este plano
foi ficando de lado.
Até que há 2 anos atrás fizemos a primeira tentativa de
fertilização in vitro (conhecida como
fiv). Não deu certo, o que foi um momento de muita tristeza, frustração e
dúvida. Será que algum dia eu iria realizar o meu sonho?
Depois disso, resolvemos que meu marido iria reverter a
vasectomia, apesar de já fazer muito tempo da cirurgia. E assim foi feito. E
deu certo, segundo o urologista dele afirmou na época. Ele voltou a ejacular os
espermatozóides.
Depois disso, ainda descobri que tinha um pólipo no útero,
que poderia atrapalhar a gravidez e também foi retirado.
Aí começamos as tentativas naturais. Tentamos durante 1 ano.
E como minha idade e ansiedade só avançavam, resolvemos
procurar um especialista em reprodução assistida.
A primeira providência foi fazer um espermograma no meu
marido. Não um espermograma comum, um exame mais detalhado da quantidade e
qualidade dos espermatozóides. E o resultado foi que, apesar de ele ter voltado
a ejacular os espermas após a reversão da vasectomia, os mesmos não eram aptos
a fertilizarem o óvulo. O tratamento indicado então seria a fiv.
Foi um momento muito tenso, triste e angustiante. Passar por
um tratamento de novo e toda aquela incerteza novamente? Bem, não tínhamos
outra alternativa.
Então, novamente me submeti a fiv. Já que nosso objetivo aqui
no blog é tirar algumas dúvidas, vou explicar como funciona a fiv. Obviamente,
que com as minhas palavras de leiga no assunto. Não sei os termos médicos, mas
vou colocar a minha experiência. Lembrando sempre que cada caso é um caso, e
que há algumas diferenças no tratamento de cada mulher, dependendo da idade,
motivo da infertilidade e outros fatores.
Em primeiro lugar, nos submetemos a várias injeções subcutâneas
de hormônios a serem aplicadas na barriga por nós mesmas, e também fazemos
algumas ultrassons durante cerca de 10 dias, tudo para acompanhar a evolução no
crescimento dos folículos (lugar onde ficam os óvulos).
O tratamento consiste em aumentar o número de folículos para
que assim produzamos mais óvulos e tenhamos mais chance de fazer os embriões, após
a fertilização com os espermatozóides, já que normalmente produzimos só um
óvulo, em média, por mês.
Depois que há esse aumento na produção dos óvulos, marca-se
um dia para ser feita a punção dos mesmos, para que assim sejam feitos os
embriões. Nesse mesmo dia, há a coleta dos espermatozoides do marido.
Após 3 dias, ficamos sabendo quantos óvulos foram fertilizados,
ou seja quantos embriões conseguimos, e é feita a transferência dos embriões
para o útero materno.
No meu caso, foram 5 embriões fertilizados. E também há uma
gradação na qualidade destes embriões. Eu tive 3 embriões “A”, 1 “B” e 1 “C”. A
qualidade dos embriões depende 70% da qualidade dos óvulos e 30% da qualidade
dos espermatozoides.
Após os 40 anos, pela lei, pode-se optar por colocar até 4
embriões. Optamos por colocar 2 e nos foi explicado que os outros 3 iriam ficar
em laboratório para acompanhar a evolução e ver se estariam aptos a serem
congelados após 3 dias.
Fizemos a transferência de 2 embriões, que é a colocação dos
mesmos no útero materno, esperando que se desenvolvam e assim se dê a tão
sonhada gravidez.
Após 3 dias nos foi comunicado que 2 embriões dos 3 deixados
no laboratório foram congelados e que 1 realmente não se desenvolveu para
tanto.
Após a transferência, nos é informado que devemos ficar de
repouso somente no dia, e que depois é vida normal. No 11º dia deve-se realizar
o exame de beta hcg para ver se conseguimos a gravidez ou não.
Vocês devem imaginar o que são esses 11 dias... Muita espera,
muita expectativa, muita angústia, muito medo, muita ansiedade, muitas dúvidas,
noites mal dormidas e nada que se possa fazer, a não ser esperar.
Fucei muito na Internet e acabei vendo que tinha uma frutinha
chamada physalis que diziam ser bom para ajudar a fixar os embriões. Fui lá e
comprei. Foi a única coisa que fiz, além de alguns medicamentos que ainda
continuava tomando por prescrição médica.
Então, no 11º dia, lá fui eu pro laboratório tirar sangue.
Disseram pra mim que o resultado sairia no mesmo dia. Bem, fiquei até a
meia-noite entrando na Internet e nada do resultado.
Nem preciso dizer que não dormi e que a todo momento você
pensa em todas as possibilidades. E se der negativo? E se der positivo? Como
vou falar pro marido? O que vou sentir? Como vai ser?
No dia seguinte, acordei e fui direto pro computador. Quando
abri, a maior e melhor surpresa da minha vida. Positivo!!! Eu estava grávida!!!
Não sei explicar com palavras o que senti. Comecei a tremer,
a chorar, a falar sozinha, a ver se estava vendo certo... Depois corri pros
braços do meu marido aos prantos e contei pra ele.
Foi um alívio, uma felicidade, uma emoção indescritível.
Após 2 dias, teria que repetir o exame do beta hcg. Essa era
a indicação do médico. Acho que em função do tratamento teria que ter um
segundo exame para ver a evolução da gravidez. Se realmente havia vingado.
Fiz o exame, e a quantidade de beta hcg deveria duplicar. No
primeiro teste, tinha dado 51,2, sendo que acima de 25 é o indicativo de
gravidez. No segundo teste, deu 144,4. Ou seja, o que tinha que duplicar quase
triplicou. Liguei pro meu médico que ficou todo feliz também e me disse que como
a contagem da fertilização é diferente, eu já estava com 4 semanas.
E aqui estou eu, GRÁVIDA, contando a minha história pra vocês, e
aguardando para fazer minha primeira ultrassom daqui 2 semanas.
Estou à disposição para ajudar quem tiver qualquer tipo de
dúvidas a respeito de fiv (o que eu souber, claro) e conto com a torcida de
vocês!